Jó 21
João F. Almeida Atualizada
1Então Jó respondeu:   

2Ouvi atentamente as minhas palavras; seja isto a vossa consolação.   

3Sofrei-me, e eu falarei; e, havendo eu falado, zombai.   

4É porventura do homem que eu me queixo? Mas, ainda que assim fosse, não teria motivo de me impacientar?   

5Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a boca.   

6Quando me lembro disto, me perturbo, e a minha carne estremece de horror.   

7Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?   

8Os seus filhos se estabelecem à vista deles, e os seus descendentes perante os seus olhos.   

9As suas casas estão em paz, sem temor, e a vara de Deus não está sobre eles.   

10O seu touro gera, e não falha; pare a sua vaca, e não aborta.   

11Eles fazem sair os seus pequeninos, como a um rebanho, e suas crianças andam saltando.   

12Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e regozijam-se ao som da flauta.   

13Na prosperidade passam os seus dias, e num momento descem ao Seol.   

14Eles dizem a Deus: retira-te de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.   

15Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará, se lhe fizermos orações?   

16Vede, porém, que eles não têm na mão a prosperidade; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!   

17Quantas vezes sucede que se apague a lâmpada dos ímpios? que lhes sobrevenha a sua destruição? que Deus na sua ira lhes reparta dores?   

18que eles sejam como a palha diante do vento, e como a pragana, que o redemoinho arrebata?   

19Deus, dizeis vós, reserva a iniqüidade do pai para seus filhos, mas é a ele mesmo que Deus deveria punir, para que o conheça.   

20Vejam os seus próprios olhos a sua ruina, e beba ele do furor do Todo-Poderoso.   

21Pois, que lhe importa a sua casa depois de morto, quando lhe for cortado o número dos seus meses?   

22Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?   

23Um morre em plena prosperidade, inteiramente sossegado e tranqüilo;   

24com os seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida.   

25Outro, ao contrário, morre em amargura de alma, não havendo provado do bem.   

26Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.   

27Eis que conheço os vossos pensamentos, e os maus intentos com que me fazeis injustiça.   

28Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio?   

29Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho,   

30de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor?   

31Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez?   

32Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo.   

33Os torrões do vale lhe são doces, e o seguirão todos os homens, como ele o fez aos inumeráveis que o precederam.   

34Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?   

João Ferreira de Almeida Atualizada

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