Lucas 12
João F. Almeida Atualizada
1Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.    2Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser conhecido.    3Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos eirados será apregoado.   

4Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.    5Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei.    6Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.    7Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos.   

8E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus;    9mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus.    10E a todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado.    11Quando, pois, vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer.    12Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.   

13Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança.    14Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?    15E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.    16Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;    17e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.    18Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;    19e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.    20Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?    21Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.   

22E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir.    23Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário.    24Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!    25Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?    26Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?    27Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.    28Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?    29Não procureis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados.    30Porque a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas.    31Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.    32Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.   

33Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.    34Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.   

35Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias;    36e sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe.    37Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.    38Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.   

39Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.    40Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.   

41Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?    42Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?    43Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.    44Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.    45Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,    46virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis.    47O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;    48mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.   

49Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?    50Há um batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a cumprir-se!    51Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão:    52pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três;    53estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.   

54Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede;    55e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede.    56Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?   

57E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?    58Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na prisão    59Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro lepto.   

João Ferreira de Almeida Atualizada

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