Jó 3
João F. Almeida Atualizada
1Depois disso abriu Jó a sua boca, e amaldiçoou o seu dia.    2E Jó falou, dizendo:   

3Pereça o dia em que nasci, e a noite que se disse: Foi concebido um homem!   

4Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz.   

5Reclamem-no para si as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; espante-o tudo o que escurece o dia.   

6Quanto àquela noite, dela se apodere a escuridão; e não se regozije ela entre os dias do ano; e não entre no número dos meses.   

7Ah! que estéril seja aquela noite, e nela não entre voz de regozijo.   

8Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam os dias, que são peritos em suscitar o leviatã.   

9As estrelas da alva se lhe escureçam; espere ela em vão a luz, e não veja as pálpebras da manhã;   

10porquanto não fechou as portas do ventre de minha mãe, nem escondeu dos meus olhos a aflição.   

11Por que não morri ao nascer? por que não expirei ao vir à luz?   

12Por que me receberam os joelhos? e por que os seios, para que eu mamasse?   

13Pois agora eu estaria deitado e quieto; teria dormido e estaria em repouso,   

14com os reis e conselheiros da terra, que reedificavam ruínas para si,   

15ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata;   

16ou, como aborto oculto, eu não teria existido, como as crianças que nunca viram a luz.   

17Ali os ímpios cessam de perturbar; e ali repousam os cansados.   

18Ali os presos descansam juntos, e não ouvem a voz do exator.   

19O pequeno e o grande ali estão e o servo está livre de seu senhor.   

20Por que se concede luz ao aflito, e vida aos amargurados de alma;   

21que anelam pela morte sem que ela venha, e cavam em procura dela mais do que de tesouros escondidos;   

22que muito se regozijam e exultam, quando acham a sepultura?   

23Sim, por que se concede luz ao homem cujo caminho está escondido, e a quem Deus cercou de todos os lados?   

24Pois em lugar de meu pão vem o meu suspiro, e os meus gemidos se derramam como água.   

25Porque aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece.   

26Não tenho repouso, nem sossego, nem descanso; mas vem a perturbação.   

João Ferreira de Almeida Atualizada

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