Jó 30
João F. Almeida Atualizada
1Mas agora zombam de mim os de menos idade do que eu, cujos pais teria eu desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.   

2Pois de que me serviria a força das suas mãos, homens nos quais já pereceu o vigor?   

3De míngua e fome emagrecem; andam roendo pelo deserto, lugar de ruínas e desolação.   

4Apanham malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento são as raízes dos zimbros.   

5São expulsos do meio dos homens, que gritam atrás deles, como atrás de um ladrão.   

6Têm que habitar nos desfiladeiros sombrios, nas cavernas da terra e dos penhascos.   

7Bramam entre os arbustos, ajuntam-se debaixo das urtigas.   

8São filhos de insensatos, filhos de gente sem nome; da terra foram enxotados.   

9Mas agora vim a ser a sua canção, e lhes sirvo de provérbio.   

10Eles me abominam, afastam-se de mim, e no meu rosto não se privam de cuspir.   

11Porquanto Deus desatou a minha corda e me humilhou, eles sacudiram de si o freio perante o meu rosto.   

12ë direita levanta-se gente vil; empurram os meus pés, e contra mim erigem os seus caminhos de destruição.   

13Estragam a minha vereda, promovem a minha calamidade; não há quem os detenha.   

14Vêm como por uma grande brecha, por entre as ruínas se precipitam.   

15Sobrevieram-me pavores; é perseguida a minha honra como pelo vento; e como nuvem passou a minha felicidade.   

16E agora dentro de mim se derrama a minha alma; os dias da aflição se apoderaram de mim.   

17De noite me são traspassados os ossos, e o mal que me corrói não descansa.   

18Pela violência do mal está desfigurada a minha veste; como a gola da minha túnica, me aperta.   

19Ele me lançou na lama, e fiquei semelhante ao pó e à cinza.   

20Clamo a ti, e não me respondes; ponho-me em pé, e não atentas para mim.   

21Tornas-te cruel para comigo; com a força da tua mão me persegues.   

22Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre ele, e dissolves-me na tempestade.   

23Pois eu sei que me levarás à morte, e à casa do ajuntamento destinada a todos os viventes.   

24Contudo não estende a mão quem está a cair? ou não clama por socorro na sua calamidade?   

25Não chorava eu sobre aquele que estava aflito? ou não se angustiava a minha alma pelo necessitado?   

26Todavia aguardando eu o bem, eis que me veio o mal, e esperando eu a luz, veio a escuridão.   

27As minhas entranhas fervem e não descansam; os dias da aflição me surpreenderam.   

28Denegrido ando, mas não do sol; levanto-me na congregação, e clamo por socorro.   

29Tornei-me irmão dos chacais, e companheiro dos avestruzes.   

30A minha pele enegrece e se me cai, e os meus ossos estão queimados do calor.   

31Pelo que se tornou em pranto a minha harpa, e a minha flauta em voz dos que choram.   

João Ferreira de Almeida Atualizada

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