Salmos 69
João F. Almeida Atualizada
1Salva-me, ó Deus, pois as águas me sobem até o pescoço.   

2Atolei-me em profundo lamaçal, onde não se pode firmar o pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me submerge.   

3Estou cansado de clamar; secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem de esperar por meu Deus.   

4Aqueles que me odeiam sem causa são mais do que os cabelos da minha cabeça; poderosos são aqueles que procuram destruir-me, que me atacam com mentiras; por isso tenho de restituir o que não extorqui.   

5Tu, ó Deus, bem conheces a minha estultícia, e as minhas culpas não são ocultas.   

6Não sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor Deus dos exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel.   

7Porque por amor de ti tenho suportado afrontas; a confusão me cobriu o rosto.   

8Tornei-me como um estranho para os meus irmãos, e um desconhecido para os filhos de minha mãe.   

9Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.   

10Quando chorei e castiguei com jejum a minha alma, isto se me tornou em afrontas.   

11Quando me vesti de cilício, fiz-me para eles um provérbio.   

12Aqueles que se sentem à porta falam de mim; e sou objeto das cantigas dos bêbedos.   

13Eu, porém, faço a minha oração a ti, ó Senhor, em tempo aceitável; ouve-me, ó Deus, segundo a grandeza da tua benignidade, segundo a fidelidade da tua salvação.   

14Tira-me do lamaçal, e não me deixes afundar; seja eu salvo dos meus inimigos, e das profundezas das águas.   

15Não me submerja a corrente das águas e não me trague o abismo, nem cerre a cova a sua boca sobre mim.   

16Ouve-me, Senhor, pois grande é a tua benignidade; volta-te para mim segundo a tua muitíssima compaixão.   

17Não escondas o teu rosto do teu servo; ouve-me depressa, pois estou angustiado.   

18Aproxima-te da minha alma, e redime-a; resgata-me por causa dos meus inimigos.   

19Tu conheces o meu opróbrio, a minha vergonha, e a minha ignomínia; diante de ti estão todos os meus adversários.   

20Afrontas quebrantaram-me o coração, e estou debilitado. Esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei.   

21Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre.   

22Torne-se a sua mesa diante deles em laço, e sejam-lhes as suas ofertas pacíficas uma armadilha.   

23Obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam, e faze com que os seus lombos tremam constantemente.   

24Derrama sobre eles a tua indignação, e apanhe-os o ardor da tua ira.   

25Fique desolada a sua habitação, e não haja quem habite nas suas tendas.   

26Pois perseguem a quem afligiste, e aumentam a dor daqueles a quem feriste.   

27Acrescenta iniqüidade à iniqüidade deles, e não encontrem eles absolvição na tua justiça.   

28Sejam riscados do livro da vida, e não sejam inscritos com os justos.   

29Eu, porém, estou aflito e triste; a tua salvação, ó Deus, me ponha num alto retiro.   

30Louvarei o nome de Deus com um cântico, e engrandecê-lo-ei com ação de graças.   

31Isto será mais agradável ao Senhor do que um boi, ou um novilho que tem pontas e unhas.   

32Vejam isto os mansos, e se alegrem; vós que buscais a Deus reviva o vosso coração.   

33Porque o Senhor ouve os necessitados, e não despreza os seus, embora sejam prisioneiros.   

34Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo quanto neles se move.   

35Porque Deus salvará a Sião, e edificará as cidades de Judá, e ali habitarão os seus servos e a possuirão.   

36E herdá-la-á a descendência de seus servos, e os que amam o seu nome habitarão nela.   

João Ferreira de Almeida Atualizada

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